É perigoso quando pomos as expectativas demasiado altas, relativamente ao cinema. Podemos ficar desiludidos e não aproveitar o filme em todo o seu esplendor.
Fui hoje ver Alice in Wonderland. Espero que todos o vão ver ao cinema pois é criminoso e devia ser punido por lei não ver a mistura das mentes de Lewis Carrol e de Tim Burton.
Visualmente, quem não soubesse, adivinhava logo de imediato o realizador, pois a sua assinatura está em toda a parte.
O problema é que, quando estamos habituados ao melhor, à eterna superação, quando recebemos algo igual (mas efectivamente muito bom) ficamos com uma ligeira sensação de desilusão.
O mesmo acontece com Johnny Depp: depois de Piratas das Caraíbas (especialmente o 1º volume onde faz uma interpretação, simplesmente soberba) e de outros tantos títulos, ficamos desiludidos quando não ficamos boquiabertos com este Mad Hatter. É bom, mas não é soberbo.
Acho que o problema de Alice in Wonderland é esse mesmo: a incapacidade de nos deixar boquiabertos.
O filme é bom, sem dúvida.
Visualmente, é um assombro, sem dúvida.
Está recheado de grandes actores (quer em pessoa, quer em vozes), sem dúvida.
Mas falta aquela pitada de deslumbramento.
Gosto de pensar que Tim Burton não tornou o filme um pouco mais
noir e mais alucinante porque era uma produção da Disney, mas, mesmo assim...
Como diz Alice, "Há dias em que penso em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço". Se calhar, pensar que se pode melhorar a perfeição é uma delas...
